domingo, 12 de dezembro de 2010

A Europa incerta

Amanhã o Observatório da Imprensa organiza um seminário para jonalistas subordinado ao tema "Portugal e a Europa: a próxima década".

Os problemas que a Europa enfrenta são o mais importante tema dos dias de hoje pelos efeitos que podem ter nas nossas vidas. Receio que não tenhamos ainda tomado consciência da dimensão do problema que poderemos ter de enfrentar.  A Europa está no meio de uma ponte a cair, como escrevi aqui.

Vale ainda a pena ler o comentário de f. ao post Euro-discordâncias e que aqui deixo, agradecendo, uma parte:
(...)O problema que para mim assume proporções cada vez maiores não é porém europeu. É a segunda fase da crise que ora se avizinha. Que foi uma crise financeira global de dívida privada. E que por causa da subsequente «nacionalização» de muitos incumprimentos privados ameaça tornar-se numa crise financeira global de dívida pública.


Seria muito triste ver a UE incapaz de resolver internamente a dificuldade da distribuição desigual dos saldos nacionais de poupança e de endividamento perante a ameaça duma segunda crise financeira global.

É nestas circunstâncias que se põe a questão de saber se há uma solução para Portugal no contexto duma união monetária. De saber se há uma solução simples para Portugal abandonar o acordo actual e enveredar por um novo curso sem perda de soberania económica e financeira (e política, também) e sem custos económicos proibitivos. (...)"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Euro-discordâncias

E-bonds would end the crisis é o título do artigo, no Financial Times, escrito por Jean-Claude Juncker - primeiro-ministro do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo - e Giulio Tremonti - ministro das Finanças italiano.

Claro que os países financeiramente disciplinados já disseram "não" à ideia de fazer emissões de Eurobonds ou Obrigações Europeias, reagindo de maneiras diferentes à entrada da reunião dos ministros das Finanças do Euro que está a decorrer hoje.
“We’ve come here to decide what we prepared Sunday a week ago. We don’t need to have new debates every week. I think we’ve prepared the necessary decisions.” - a reacção do ministro das Finanças Wolfgang Schaeuble reportada pela Bloomberg
 “Countries committed to economic discipline that do the hard work and maintain stability” shouldn’t be forced to subsidize the fiscally weak, assim disse o ministro das Finanças austríaco  Josef Proell , refectindo bem o que pensam os países financeiramente disciplinados sobre a ideia das emissões de dívida europeia. 

Vale a pena ler este artigo da Bloomberg

Estamos perante um problema que vai assumindo proporções cada vez maiores:
  • O BCE não quer continuar a comprar dívida e apenas concordou em continuar a fazê-lo numa decisão que não mereceu unanimidade- durante a semana passada comprou 1965 milhões de euros que garante estar a esterelizar .
  • A Alemanha não quer reforçar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) nem quer avançar para uma medida mais estrutural como a emissão de Obrigações Europeias;
  • Estes países endividados, por razões diferentes, como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália - os GIPSI - a que os analistas vão juntando outros como a Bélgica, quanto mais medidas de austeridade aplicam mais reforçam a perspectiva de que não serão capazes de satisfazer os compromissos com a dívida, no mínimo a de curto prazo, devido aos efeitos recessivos das medidas. 
  • Toda a gente sabe que o FEEF chegará para Portugal mas já não chega para Espanha.
A União Europeia - e não apenas o euro - vive um dos mais preocupantes momentos da sua história.

O euro ameaçado, ortodoxias e heterodoxias

Há um ano, se alguém falasse na possibilidade do fim ou da fragmentação do euro seria dado como louco.

Hoje a probabilidade de fim do euro deixou de ser zero. Já se pensa nisso, e mais do que isso, já se desenham saídas.
Hoje, na edição em papel do Negócios procuram-se as respostas para a pergunta: E se Portugal saísse do euro?

O Economist á um passo em frente e oferece um guia: Como sair do euro?

Vitor Bento no blogue da Sedes faz uma reflexão especialmente interessante por ser assinada por um economista que viveu por dentro da crise do mecanismo de taxas de câmbio do sistema monetário europeu e por defender uma resposta heterodoxa à actual crise da dívida soberana.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Irlanda e Islância, quem paga a crise faz diferença

A Islândia está a recuperar
A Irlanda vai afundar-se
Economicamente falando, obviamente.
Parece haver uma grande diferença nos efeitos de quem paga a crise.
A Islândia provocou a revolta do mundo - sim estou a exagerar - por ter colocado o fardo do lado dos accionistas e obrigacionistas dos bancos e hoje está a recuperar (é verdade que tem também moeda própria).
A Irlanda resolveu tomar as dores das asneiras dos seus bancos e chegou ao ponto que conhecemos.

Vale a pena ler o que escreve a Bloomberg:
Iceland Bankruptcy-to-Rebound Reveals Models Ireland Won't Take