domingo, 28 de novembro de 2010

A ajuda à Irlanda concluída


Fonte:Comunicado do Ecofin; MEEF: Mecanismo Europeu e Estabilização Financeira; FEEF: Fundo Europeu de Estabilização Financeira
O acordo de ajuda à Irlanda foi concluído no conselho de ministros das Finanças da UE que acabou por ser menos dramático do que se esperava.
Dos 85 mil milhões de euros, 67,5 mil milhões de euros é que vêm do exterior, o restante será garantido pela própria Irlanda. A taxa de juro será de 5,83%, à partida superior à aplicada à Grecia (5,2%).

A Alemanha acabou por recuar na intenção de trasnferir perdas para o sector privado, ficando-se pela análise "acaso a caso".

As notícias:
Irish Times - Irlanda recebe 85 mil milhões de euros
Bloomberg: Irlanda ganha 85 mil milhões de euros
Reuters:  UE suporta ajuda à Irlanda

Os comunicados:
Acordo FMI e Irlanda
Declaração do Ecofin

2 comentários:

Anónimo disse...

A nota mais importante deste programa de ajuda à Irlanda é a participação do país. A Irlanda contribui com mais de 20 por cento do total. A contribuição é financiada pelo Fundo Nacional de Pensões irlandês que tem cerca de 20 e tal mil milhões de activos incluindo cerca de 1/5 em liquidez.

A conclusão que me parece mais importante é que o Governo irlandês teve uma semana verdadeiramente desastrada. E das duas uma: ou este resultado é um desastre, ou o problema bancário e orçamental irlandês é muito pior do que aparece ser.

Vejamos.

Este programa é semelhante a um pedido de empréstimo em que o credor exige uma garantia devidamente penhorada que corresponde a 20 por cento do capital emprestado. Portanto quem empresta só tem 80 por cento em risco. A «fatia» dos 20 por cento é a «almofada» da EU e do FMI. E em razão disso é de esperar que o custo do dinheiro seja mais baixo.

Muito tem sido falado sobre a existência de pressões sobre a Irlanda e sobre Portugal para aceder ao programa de ajuda (diga-se: ainda em construção). As pressões são justificadas pela razão maior que é a «unidade» monetária. Compreende-se. Mas a solidariedade também tem um preço que mais depressa se partilha. E em razão disso é de esperar que o custo do dinheiro do programa seja também mais baixo.

Só há duas razões que de algum modo justificam um custo tão alto do dinheiro. O programa inclui várias «linhas» de crédito cujo prazo máximo vai até sete anos e o prazo médio andará pelos três anos. Os prazos mais longos trazem custos mais altos quando as curvas das taxas têm inclinação positiva: as taxas mais altas para os prazos mais longos reflectem os riscos acrescidos. A outra razão tem muito de economia política e muito pouco de economia: foi acrescentado um ano ao prazo do ajustamento fiscal.

Quero acreditar que o Governo português vai ser mais capaz na negociação. Porque há poucos factores para mitigar os efeitos duma taxa tão alta no caso de Portugal.

A economia irlandesa tem apesar de tudo um aparelho produtivo mais aberto à concorrência internacional que lhe vai permitir acumular os proveitos da exportação para pagar o custo alto da dívida que venha a usar. A economia portuguesa tem um aparelho produtivo cujo potencial máximo não anda longe da estagnação e a que se junta a mais injusta distribuição do rendimento nacional. Portanto se a economia não cresce não pode gerar os proveitos necessários para pagar os juros. E se os proveitos estão mal distribuídos, a capacidade do Estado para confiscar riqueza fica limitada à melhor vontade dum número cada vez menor de cidadãos.

Em suma: quero acreditar que o Governo irlandês foi incapaz na negociação. Quero também acreditar que a governação europeia perdeu uma oportunidade para mostrar a sua grandeza na solução destas questões.

Obrigado.

F

commonsense disse...

Onde é que isto vai parar?