quinta-feira, 20 de maio de 2010

Desabafos...

... depois de assistir à conferência de imprensa do Conselho de Ministros de hoje.

Andamos todos muito confusos, nervosos, desorientados - governo, jornalistas, empresários e banqueiros.

O presidente de um banco, o BPI, diz que estamos prestes a bater na parede, afirmação que acaba por ser confirmada em linguagem mais moderada pelos seus colegas que banqueiros que depois dos excessos que cometeram se dão ao luxo de fazer recomndação financeiras - o que não é negativo, já que, pelo menos, aconselham a que se poupe

Um dos nossos maiores empresários, Belmiro Azevedo diz que "quando o povo tem fome tem o direito de roubar". E Belmiro esquece-se que tem o Continente - onde se vende comida.

O Governo vai dando o dito por não dito em impostos e investimentos públicos, sem o primeiro-ministro se dar ao trabalho de falar ao país. Mais grave ainda, reage a análises da manhã com decisões que depois criam ainda mais confusão com outros analistas a caírem-lhe em cima à tarde. Vai-nos valendo o ministro das Finanças, que dentro das ginásticas que já se vai percebendo que faz, coloca algumas coisas no lugar.

Nós os jornalistas fazemos as perguntas mais inesperadas em busca de demissões, julgamentos do que já passou e frases bombásticas quando todos ainda estamos na fase de saber como vão ser concretizadas as medidas de austeridade, se é preciso mais, qual a amplitude do acordo com o PSD, o que poderemos ter de fazer mais para se garantir a vida ao euro, se o euro está em risco, ....

A desorientação é muito má conselheira.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Zapatero e Sócrates, argumentos ibéricos

Veja as diferenças:

(...)Su idea de que la mayor crisis financiera tras el crac de 1929 se podía sortear con eslóganes y gesticulación propagandística hizo perder un tiempo precioso para que el país encarase en mejores condiciones una gravísima coyuntura económica (...).

O editorial do El Pais aprsenta argumentos que ouvimos também há algum tempo contra a abordagem que José Sócrates fez à crise em Portugal.

Zapatero e Sócrates tiveram a expectativa - que s epoderia ter confirmado - de que era possível fazer uma aterragem suave desta crise.
A Grécia obrigou todos os endividados a avançarem para uma aterragem brusca.

A Espanha com mais medidas na manga

Zapatero avanza que el Gobierno subirá los impuestos a los más ricos quando for oportuno e depois de analisar a evolução do plano de ajustamento económico anunciado a semana passada.

No Banco de Portugal existe a convicção de que as medidas adoptadas pelo Governo português, e divulgadas quinta-feira passada, são insuficientes para garantir um ajustamento que reduza ao mínimo o risco de Portugal precisar do dinheiro do Fundo Europeu de Estabilização financeira e do FMI.

A frase, de Lula da Silva

"Se nós, como políticos, fizéssemos apenas o óbvio e não tentássemos inventar tanto seria muito mais fácil governar o mundo"
Lula da Silva, presidente do Brasil

terça-feira, 18 de maio de 2010

A austeridade chegou para ficar

O primeiro-ministro em entrevista à RTP1:
"Se for necessário manter as medidas de austeridade até 2013, vamos fazê-lo"
Sócrates apelida declarações de Ulrich de "irresponsáveis e incendiárias"
PSD concordou com medidas "porque acha que é bom para o país"

A terrível restrição financeira

O presidente do BPI irritou-se com grande violência.
O que pode fazer um banqueiro irritar-se de tal maneira que pode até ameaçar o seu negócio? Tem de ser muito grave.

O muito grave, pode adivinhar-se, é a ausência de um discurso político que avise os portugueses para as dificuldades que vão enfrentar.

Mesmo que a economia cresça mais do que o esperado -como felizmente pode acontecer com a ajuda das exportações impulsionadas pela desvalorização do euro -, a restrição financeira é tão violenta que não permitirá que se cresça pelo consumo e pelo investimento.

Além disso, o país que sairá desta crise pode ser muito diferente em matéria de emprego. A taxa de desemprego atinge níveis historicamente elevados. O aumento da produtividade de que tanto o país precisa poderá criar muito pouco emprego. Esta pode ser a crise da reestruturação do tecido empresarial do país.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mais impostos para todos sem explicações

Vamos pagar todos muito mais impostos como se pode ver no comunicado do Conselho de Ministros  - muito mal cuidado e explicado. Um rascunho.

A conferência de imprensa também pouco serviu e fica também na história. O primeiro-ministro decidiu que só respondia a três perguntas e especificamente das televisões. O que interessa é a imagem.

Cada meio, todos sabem, desempenha uma função. A rádio dá a notícia, a TV mostra e os jornais explicam.

Mas não há nenhum interesse do Governo em explicar às pessoas o que as espera, justificar minimamente as razões que nos levaram até aqui - sem ser aquela desculpabilizante acusação aos "especuladores" -, solidarizar-se com os tempos difíceis que todos vão enfrentar e apontar um tempo que será melhor.

Fica na memória o primeiro-ministro ter dito que o corte nos salários das classes dirigente é "simbólico" - há uns tempos tinha acusado Paulo Portas de ser populista por ter proposto uma medida destas - num dia em que até o Reino Unido decidiu cortar os salários do Governo.  E a diferença com a mensagem de preocupação transmitida pelo novo líder do PSD.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Crescimento surpresa, muito interessante

Conhecemos mesmo mal a nossa economia dita real.

PIB cresceu 1% no primeiro trimestre face ao quarto trimestre de 2009 (em cadeia) e 1,7% relativamente aos primeiros três meses de 2009 (homólogo).

O impressionante é o crescimento em cadeia de 1%.

O aumento homólogo tinha condições para ser elevado por razões aritméticas: a economia tinha ido ao fundo no primeiro trimestre de 2009. Bastava que se produzisse o mesmo que no quarto trimestre para o aumento homólogo se aproximar de 1%.

Há um país real que não fala em Estado e que está a trabalhar com resultados - uma das locomotivas deste crescimento é, do lado da oferta,  o sector industrial e, do lado da procura, as exportações. Interessante.

Esperemos que resista às novas medidas que vêm aí.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Europa dos défices e dos excedentes (externos)

Muito interessante a caixa que o FMI faz sobre as contas externas dos países do euro partindo da constatação de que a parir do lançamento do euro os países do Sul do Área do Euro (SAE) registaram um acentuado agravemnto dos seus défices externos enquanto os países do Norte da Área do Euro (NAE) viram os seus excedentes aumentarem.

E diz o FMI, os défices externos continuam importantes numa União Monetária - diria uma união monetária à La UE - sem governo centralizado, sem política orçamental única, sem liberdade de circulação de pessoas.

É ou não importante o saldo externo é um debate antigo em Portugal entre Cavaco Silva - sim é importante - e Vitor Constâncio - não, não é importante - na homenagem a Silva Lopes no ISEG.. Quer Cavaco como Constâncio continuam a pensar da mesma maneira.

Vejam-se os riscos que o FMI identifica - ou a morte lenta ou um ajustamento abrupto - e as terapias - apertar a política orçamental é o que tem efeitos mais rápidos - retirar poder de compra às pessoas e cortar despesas, ou seja, aumentar a poupança do Estado. Outra terapia, para quem tem recursos, é reduzir as contribuições para a segurança social - o equivalente a uma desvalorização interna.

Vamos ver as medidas que aí vêm.

Agora vai ser a sério

Vêm aí medidas duras de combate ao défice público com redução do poder de compra de todos.
As decisões adoptadas este fim-de-semana primeiro em Cimeira e depois em conselho de ministros das Finanças da UE e ainda pelo BCE têm subjacentes medidas muito mais violentas de ajustamento da economia portuguesa, o que, obviamente, não passa fundamentalmente pelas contas públicas - o excesso de consumo que se reflecte no défice externo tem de ser corrigido o que só s efaz com redução do poder de compra, com cuidado, é óbvio, para não criar um problema (mais grave) no sistema financeiro.

Portugal, com a Espanha, comprometeram-se a adoptar novas medidas.

As pressões sobre Portugal:
Vêm aí medidas que vão doer.
  • Temos de estar preparados para o aumento do IVA - dado como certo, aceite indirectamente pelo PSD e que pode ser dado como troca para os sociais-democratas votarem a favor da redução das deduções em sede de IRS.
  • Um imposto extraordinário que pode incidir em parte ou na totalidade do subsídio de Natal.

domingo, 9 de maio de 2010

Euro-maratona

Os ministros das Finanças estão reunidos desde as 15 horas. A conferência de imprensa estava agendada para as 18 horas, passou para as 22 horas, depois para as 23 horas e agora não há hora agenda.

O acordo não está ser fácil.

Pois é,

Goodbye, stimulus. Hello, state budget cuts
Título da CNNMoney para os Estado americanos que se aplica que nem uma luva a Portugal.

O euro ataca a alcateia mercados

A expressão é do ministro das Finanças sueco e está difundida por todas agências:
"Estamos perante um comportamento de rebanho dos mercados, um comportamento de alcateia [wolfpack behavior]", afirmou o ministro das Finanças sueco Anders Borg, considerando que na segunda-feira não se pode desiludir os mercados, como lê aqui na Bloomberg.
A mesma atitude não está aparentemente a ter o Reino Unido. Alistair Darling diz que a responsabilidade cabe aos países da Zona Euro.

Após as decisões tomadas pela Cimeira do Eurogrupo, em comunicado aqui, os ministro das Finanças da UE estão reunidos, num encontro de emergência. Em cima da mesa está:
  • Criação de um Fundo de Estabilização para o Euro - financiado com empréstimos que seriam contraídos pela Comissão Europeia junto dos mercados e que teria como objectivo garantir os créditos aos países com problemas de acesso aos mercados financeiros.  O Fundo poderia ser semelhante (ou ser esse mesmo) ao que existe para a UE (facilidade para a balança de pagamentos) e que neste momento tem 50 mil milhões de euros. São necessários pelo menos mais 60 mil milhões de euros.  
  • Acelerar a redução dos défices públicos - Decisão que já foi adoptada na Cimeira de 7 de Maio à noite vez que o primeiro-ministro José Sócrates anunciou sexta-feira à noite que seria tomadas mais medidas e estabeleceu um novo objectivo para  défice público este ano - em vez de 8,3% é de 7,3% do PIB.
  • BCE assumia o papel de 'comprador de último recurso' - adquirindo títulos de dívida pública para acalmar os mercados. (O que já está a fazer indirectamente com a Grécia, ao aceitar como colateral todos os títulos de dívida pública grega que os bancos têm nas suas carteiras, sem restrição de notação de risco). 
Uma síntese do que se pode ler no comuniado da Cimeira do eurogrupo de 7 de Maio e nos seguintes sítios:
Europa prepara fundo para proteger o euro, no Negócios
Ministros das Finanças em Bruxelas para aprovarem mecanismo de estabilização para o Euro, na BBC
UE aprova mecanismo de estabilização para o euro, num combate aos "lobos" do mercado, Reuters

sábado, 8 de maio de 2010

É, de facto, um susto

As taxas de juro que os investidores estão a exigir para emprestar a Portugal, são d efacto um susto.

Krugman viu como se pode ler aqui e no sue blogue com o título "O Nao"  o que o jornalista do Negócios André Veríssimo detectou pouco depois do mercado fechar, com o título "Risco de incumprimento de Portugal segue padrão da Grécia".

Na sexta-feira a "yield curve" inverteu pela primeira vez para Portugal (depois disso já ter acontecido com a Grécia): os investidores exigem uma taxa de juro mais elevada no curto prazo que no longo prazo, colocando a yield curve positivamente inclinada apenas até aos três anos e negativamente inclinada a partir daí.

No fecho de mercado de sexta-feira em Lisboa estávamos assim:
a yield a 3 anos - 6,4%;
yield a 10 anos - 6,2%.

Pelo link que Krugman fez ao WSJ podemos ver como estavam as taxas d ejuro das Obrigações do esouro nas diversas maturidades:

Ainda se torna mais assustador quando se olha para o que se passava há um mês ou há um ano em Portugal:

 
Para empréstimos com o prazo de dois anos exigem hoje à República portuguesa mais 7 pontos percentuais que há um ano. Imagine-se o que que se está a exigir a instituições financeiras portuguesas.

O pânico de quinta-feira em NY

Ainda ninguém percebeu o que lançou o pânico nas bolsas norte-americanas na quinta-feira.

1700 milhões, novo corte no défice público



Diminuir o défice em 1% do PIB ao défice ( de 8,3% para 7,3%) é cortar mais cerca de 170 1700 milhões de euros.
O quadro é a contas das Administrações Públicas publicada no relatório de 2010 - versão da proposta, a outra ainda não está disponível.

A entrada em vigor do OE 2010 apenas em Maio, arrastando o congelamento de muitas medidas permitia já que se conseguissem resultados melhores que os 8,3%. Houve ainda - não sei se se fez - a possibilidade de deslocar para 2009 algums despesas e arrastar para 2010 algumas receitas. Mas estes contributos únicos podem ser insuficientes para ir até aos 7,3% sem medidas adicionais, especialmente se a economia e as taxas de juro não ajudarem.

Como as más surpresas pagam-se caro nesta conjuntura de pânico nos mercados, aguardam-nos com certeza novas medidas.
Uma ainda está na geveta - a que garante maior receita fiscal - a limitação das deduções em sede de IRS que o PSD não quer.

Novas medidas, recessão à vista

O inevitável está a contecer: o Governo adia investimentos adopta novas medidas restritivas envolvendo o PSD:

Governo diz em Bruxelas que há obras públicas que serão adiadas
"Estou a pensar justamente em todos os investimentos que não foram ainda adjudicados, como é o caso, por exemplo, da terceira via, como é o caso do aeroporto, para que os possamos lançar num momento em que a estabilização financeira regresse aos mercados e possa haver maiores garantias de financiamento para que essas obras se possam desenvolver"
José Sócrates, na reunião em Bruxelas de sexta-feira à noite

O objectivo para o défice público passou a ser 7,3% e não 8,3% segundo afirmou também José Sócrates em Bruxelas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Aqui, pelo Euro, não está calmo

A tempestade regressou:

Zapatero diz que é "absoluta locura" o rumor que circulou nas bolsas de um plano de ajuda a Espanha no valor de 280 mil milhões de euros - quando um primeiro-ministro tem de desmentir rumores o pânico e a loucura já estão instalados.
Perguntas sem resposta:
Como se rompe um ciclo de pânico? Com um desastre, que confirme os medos?
A seguir a um naufrágio as águas acalmam-se? (Lehman Brothers?)
Porque não acreditam os investidores nos efeitos regeneradores do plano grego?
Devia ter-se deixado a Grécia reescalonar a dívida?
E se mais alguém precisar de apoio terá a zona euro de envolver os Tesouros do euro, como o Tesouro americano no plano Brady dos anos 80 para a América do Sul?

- Bolsas espanhola e gregas foram as que mais caíram na Europa - Ibex com queda de 5,4% e o grego FTSE/ASE20 caiu 7,35% - o Banco Nacional Grego viu as suas cotações caírem 13%. Bolsa portuguesa caiu 4%, a terceira pior sessão do ano
- Crise grega provoca razia na banca europeia - O Stoxx 600 Banks, composto por 55 bancos, caiu quase 5% (4,99%). Os bancos espanhóis foram os que mais caíram em bolsa - BBVA menos 7,6% e Santander menos 7%
- Diferença entre as taxas a dez anos da dívida portuguesa e alemã  nos 2,45 pontos percentuais - nos 5,4%. Ontem esteve nos 5,1% em queda por efeito do acordo de ajuda à Grécia, hoje está d enovo a subir com os investudores a refugiarem-se na dívida alemã.

E as análises e previsões sobre o fim do euro prosseguem com Stiglitz.
Os tempos não estão para brincadeiras, por pequenas que sejam. Não há dinheiro, sem inflacionar o euro, para ajudar um país como a Espanha. Mesmo no caso da Grécia, o BCE já teve de alterar a sregras do jogo e aceitar todos os colaterais.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O euro nas mãos de Merkel

Poucos líderes europeus teriam sido capazes de correr os riscos qeu Angela Merkel está a correr
"(...)
The chancellor [Angela Merkel] canceled two campaign rallies today in North Rhine-Westphalia, where polls show her party struggling to retain power at the May 9 vote, to give back-to-back interviews on N-TV/RTL, N24, ZDF and ARD television channels.
(...)"

E é bom que se pague caro esta indisciplina. Com regras que funcionem.
Porque também é tempo de perguntar o que andou a Comissão Europeia a fazer (ou anda a fazer) para nunca ter dado devidamente conta dos buracos orçamentais da Grécia.

Os 'spreads' estreitam mas atenção Portugal

As taxas de juro (yields) dos títulos de dívida pública portugueses e gregos estão a aproximar-se dos da Alemanha num movimento que envolve as duas partes - a taxa alemã sobe e a grega e portuguesa desce. Sinal de que os investidores consideram que o risco diminuiu, deixando um pouco a protecção do refúgio chamado Alemanha para regressar a remunerações mais elevadas.

Mas o drama pode ainda não ter acabado. Lê-se neste momento na Bloomberg:

The risk is that investors will shift focus to other euro nations in the absence of a clear aid plan for the 16-nation bloc’s weakest members. The extra yield investors demand to buy Portuguese debt over German bunds surged to the highest since at least 1997 and Spain’s IBEX 35 stock index fell the most in three months last week. The euro fell against the dollar today.

Portugal poderá ter de adoptar medidas adicionais.
Merkel diz que sacrifícios impostos à Grécia inspiram Portugal a esforçar-se mais

domingo, 2 de maio de 2010

Em Nova Iorque pergunta-se Chega?

A Grécia, a Zona Euro e o FMI já chegaram a acordo: um empréstimo de 110 mil milhões de euros a três anos, por mais medidas de austeridade que garantam que Atenas não volta a precisar de mais ajudas. (Lembram-se como foram os planos do FMI em 1978 e depois em 1983 - este com medidas ainda mais duras?)

Greece Gets Help, but Is It Enough? Assim pergunta o New York Times.
Vamos ver o que dizem os mercados pela manhã.

sábado, 1 de maio de 2010

45 mil milhões para a Grécia

No Der Spiegel, "Nada justifica empurrar a Grécia para fora do euro"

As poupança em dívida portuguesa

Rui L. Castro no "The Portugueses Economy" desafia quem está a criticar o comportamento dos investidores em relação à dívida pública portuguesa a investirem as suas próprias economias nesses títulos, pressupondo assim que esses activos valem (pouco) aquilo a que estão a ser cotados.

Uma abordagem que, na minha modesta opinião, não leva em consideração o seguinte:
  1. O short-selling - Os mercados financeiros têm hoje instrumentos que permitem ao investidor fazer grandes fortunas em muito pouco tempo - embora correndo elevados riscos: as vendas a descoberto. Peço emprestado o título, vendo, espero que o título caia, compro e devolvo ao credor do título.
  2. A dimensão do mercado do activo versus do investidor - Quando o mercado de um activo é estreito/reduzido e o investidor, pelo contrário, pode investir valores elevados, a sua profecia de queda do título auto-confirma-se pela sua actuação - quando despeja no mercado o título que pediu emprestado provoca a queda da sua cotação. Não é por acaso que não se verificam estas operações em mercados de grande dimensão - dívida americana por exemplo ou até espanhola e italiana. 
  3. Forte incentivo de venda para comprar a seguir - Mesmo quem não esteja a 'shortar'  e preveja a alta para o título, por considerar que o valor de mercado naquele momento não corresponde ao que vale o título dados os fundamentos do activo, tem um forte incentivo para vender reforçando o movimento de queda. Comprará mais tarde, mais barato, e a prazo registará mais-valias na sua carteira.
A pergunta: como se instala o comportamento de rebanho de fuga do activo que alimenta depois todos estes movimentos? No caso português foi determinate o artigo de Simon Johnson no New York Times a que se seguiu uma análise do próprio jornal.

O desafio de Rui L. Castro:
Os gestores de activos venderam a partir de dia 16 de Abril, reforçaram as suas vendas a seguir à queda do 'rating' e desde sexta-feira estão a comprar. E ganhou-se muito dinheiro com isso - investidores e operadores - estes com comissões. A liquidez dos mercados disparou na segunda metade de Abril.

Quem comprou títulos de dívida quando todos andaram a vender - especialmente no pior dia desta turbulência que foi quarta-feira - já começou a ganhar dinheiro.

Só quem está convencido que o euro está seriamente ameaçado vendeu para não voltar a comprar.