sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ainda e de novo Paul Krugman

Tem de se ler How Reversible Is The Euro?

Que termina assim
 I think I’ll go hide under the table now.

Também eu.

E falta o cenário de a Alemanha se aborrecer e ser ela a sair.
Nem o pior dos pesadelos.

Sem corpete e com cinta - a UEM

A imagem não é elegante mas foi assim que se vestiu a União Económica e Monetária - sem o corpete Económico, com a cinta Monetária.

Os países com tendência para engordarem foram ficando obesos em cima da elegância sedutora da disciplina monetária - que foi atraindo capital e criando a ilusão de dinheiro fácil e barato.

Vem isto a propósito do que escreveu Paul Krugman (via Pedro Santos Guerreiro)
What the crisis really demonstrates, however, is the dangers of putting yourself in a policy straitjacket. When they joined the euro, the governments of Greece, Portugal and Spain denied themselves the ability to do some bad things, like printing too much money; but they also denied themselves the ability to respond flexibly to events.


Vale a pena ler todo o artigo de Paul Krugman.
Da crise da Grécia há lições a tirar sobre as desficiências na arquitectura do Euro, muito alertada antes do seu nascimento por muitos economistas. Entres eles Paul DeGrawe.

Agora é a sério

Na Grécia, segundo o Financial Times
- Salários de topo da função pública congelados durante três anos
- Idade média de reforma aumentada de 53 para 67 anos
- 13º e 14º mês de salários pago no Natal e na Páscoa desaparece

Em Espanha
- Governo acaba com 29 empresas públicas e 32 cargos de altos dirigentes

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Agências de 'rating', até o FMI

Até o FMI faz alertas contra as agências de 'rating'.

E vale a pena acompanhar:
O que se está a descobrir nos Estados Unidos com a divulgação de mails que expõem como foram permeáveis na avaliação do risco de produtos financeiros estrututados com crédito à habitação subprime.

Mesmo sem a vontade do forte grupo de pressão que é o sector financeiro, o poder das trê sirmãs do 'rating' - Standard & Poor's, Moody's e Fitch - corre memso o risco de se reduzir.

Um mercado de 3 jogadores está muito longe de ser um mercado capaz de corrigir a falha de mercado que justifica a sua existência: a existência de informação assimética no mercado financeiro, isto é, o devedor conhece melhor a sua situação fiananceira que o credor.

Para se corrigir uma falha de mercado criou-se outra falha de mercado.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vale a pena ler:

Os gregos foram enganados, os alemães também de João Pinto e Castro. Tenhos dúvidas quanto à afirmação de que "os mercados financeiros foram totalmente racionais".
Quanto ao que vai acontecer amanhã - totalmente de acordo, o problema da Grécia estará bastante mais grave - a fuga de títulos gregos vai agravar-se. (E de Portugal também). Muitso fundos são geridos com regras estritas de risco: não têm nas suas carteiras activos abaixo de um determinado risco.

Precisa-se de política não de economia de João Galamba. De boa política diria eu. Sublinho especialmente de "os mercados agem racionalmente num contexto irracional" como contra-argumento (ainda com pouca reflexão sobre o tema) a João Pinto e Castro.

The Cohesion Crisis de Paul Krugman, assustador. Mas é assim que o mercado está a reagir.

A taxa de juro a dez anos das obrigações alemãs do tesouro (bunds) a dez anos estiveram no dia de hoje abaixo dos 3% , as portuguesas a 5,6% e as gregas em 9,6%.

A taxa de juro dos títulos gregos a 2 anos atingiu a 15,26%, sim, repito, 15,6%.

A Zona Euro está a permitir que alguns ganhem bastante dinheiro. A Grécia é "junk"? A consequência lógica de acreditar que a Grécia é 'junk bond' é prever o desmembramento do euro.

No Parlamento detectam-se mentiras

Enquanto o país se vê a caminhar para uma crise cada vez mais grave no Parlamento detectam-se mentiras.

Se o tempo fosse para brincadeiras sugeria que se oferecesse um daqueles detectore de mentiras ou se contratasse uma daquelas persongens de uma das séries televisas que por aí anda que detectam mentiras.

Claro que estas avaliações são sempre classificadas como "populistas", perigosas pela fragilização que significam para a democracia.
Vale a pena registar que uma critica mesmo sendo populista vale pelo sue conteúdo.

Se nos contassem que um país, alvo de uma onda de descredebilização financeira que o pode lançar para uma gravissima recessão, tem uma parte dos seus deputados a analisar à lupa se o primeiro-ministro sabia ou não sabia de um negócio que uma empresa não fez, onde diriíamos que seria esse país?

terça-feira, 27 de abril de 2010

A S&P validou a irracionalidade

A Standard &; Poor's validou sentimentos de um mercado que está com sintomas de pânico e validou as comparações abusivas entre Portugal e a Grécia ao anunciar a degradação do 'rating' de Portugal no mesmo dia em que o fez para a Grécia.

O 'rating' da Grécia passou de BBB+ para BB+. Os títulos da dívida pública da Grécia são agora "junk bonds",
O risco da República portuguesa é agora "A- com oulook negativo", depois da última mudança ( "A+ com outlook negativo") ter ocorrido a 7 de Dezembro de 2009.

O que mudou de fundamental em Portugal e no ambiente em que se move desde 7 de Dezembro de 2009:
Pela positiva
1 - Foi aprovado o Orçamento do Estado para 2010 com medidas de redução do défice público
2 - Foi aprovado e validado por Bruxelas o Programa de Estabilidade e Crescimento que consagra medidas de aumento de impostos e redução das despesas que mais têm crescido, as sociais; 
3 - O ambiente político ficou mais claro: a nova liderança do PSD não pretende deixar cair o Governo este ano;

Pela negativa:
1 - Ainda há poucas medidas do PEC concretizadas e uma das que pode dar mais receita fiscal, a redução das deduções à colecta, merece a oposição do PSD;
2 - Os investidores financeiros estão a fugir da dívida pública portuguesa em montantes que estão a fazer baixar significativamente as cotações (e por isso a aumentar as taxas de juro) na sequência de análises e opiniões emitidas por jornais e economistas norte-americanos que compararam Portugal à Grécia.

De tudo o que aconteceu o que fez a S&P?
Valorizou os comportamentos, as teses e as análises dos investidores e dos analistas norte-americanos e desprezou todas as medidas adoptadas pro Portugal.

Com estas ajudas os investidores financeiros passam de facto a acertar nas suas previsões, grandes profetas das desgraças com a ajuda de quem tem medo de errar de novo.

As agências de 'rating' estão cada vez mais prisioneiras dos mercados e a contribuir cada vez para a instabilidade e não para a informação mais perfeita e rigorosa, razão da sua criação e existência.

As razões apontadas pela S&P podem ser lidas aqui. Dizendo que a razão é económica dá-nos ainda mais razões para reforçar a ideia de que segue os mercados financeiros: o problema de crescimento económico português está detectado há, pelo menos, mais de um ano.

"Rating" de Portugal cortado (de novo)

A agência Standard & Poor's acaba de divulgar o corte do 'rating' de Portugal, o terceiro em menos de ano e meio, de A+ com outlook negativo (a 7 deDezembro de 2009) para A - com outlook negativo (hoje, 28 de Abril). A 21 de Janeiro de 2009 tinha cortado a classificação de AA- para A+.

Assim se confirmam as profecias nos mercados financeiros - os mercados fazem aumentar o risco dos países, as agências de 'rating' arrastadas pelos mercados reforçam a degradação do risco e os mercados voltam a aumentar o risco dos países...
Eu degrado o risco porque tu degradas o risco, e eu degrado ainda mais porque tu degradaste... em circulo vicioso de conversa entre os mercados e as agências de 'rating'

Depois dos erros cometidos no passado as agências de 'rating' são hoje mais papistas que o papa.

Ver as notícias aqui e aqui.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um dia difícil para Portugal, com a Grécia ao fundo

O risco de incumprimento que os mercados atribuem a Portugal através dos Credit Deafult Swaps (CDS) atungiu hoje os 300 pontos, ultrapassando os valores do Líbano

Será possível que alguém, racionalmente, considere que Portugal, país do euro e com a situação política, económica, financeira e social que tem possa ser considerado com este nível de risco?

A indecisão da Zona Euro está a encher os bolsos de muitos ditos investiodores, manipuladores de mercado.

Abalos cada vez mais forte na Zona Euro

Os investidores continuam a desfazer-se de títulos de dívida pública portuguesa:
  • Yield das OT a 10 anos atingiu os 5,126%, a taxa mais alta desde 2002
  • A diferença (spread) em relação aos títulos alemães equivalentes (bunds a 10 anos) chegou aos 209 pontos base, o valor mais alto desde 1997 quando Portugal ainda tinha o escudo.
  • A Grécia vive aina piores momentos. Os seus títulos de dívida pública a dez anos está em 9,385%, nos cinco anos atinge os 10,105% e na maturidade a dois anos chega aos 12, 868%. Agrava-se a inclinação negativa da 'yield curve', com a diferença entre os dez e os os dois anos a mais de 3%. (300 pontos base).
Apesar dos mais diversos avisos, os investidores estão com margem para ganhar dinheiro, explorando o arrastamento de uma solução efectiva para a Grécia.

Enquanto a divisão reinar na Zona Euro, vão-se ganhar milhões.

Vale a pena ler a entrevista de Paul de Grauwe  hoje no Negócios (só versão em papel). De Grauwe foi um dos economistas que mais alertou para as fragilidades da arquitectura da União Económica e Monetária antes de o euro ser lançado. Hoje confirma-se que, afinal, existem os choques assimétricos - neste caso provocados pelos mercados que discilinam sempre tarde e a más horas.

domingo, 25 de abril de 2010

Grandes lições neste 25 de Abril

O discurso do Presidente da República  com os alertas e avisos sobre os salários dos gestores e as propostas de prioridades para a política económica, o mar e as indústrias criativas.

A intervenção do Presidente da Assembleia da República com especial relevo para as criticas às agendas dos partidos: "temos a sensação de ver um debate político muitas vezes centrado no acessório - é a fuga da realidade -, em detrimento de responsabilidades que, em democracia, são de todos e por isso devem ser partilhadas (...)".

José Pedro Aguiar-Branco e a reconciliação com a história nos símbolos do cravo e da pátria.

Depois de uma semana terrível para Portugal nos mercados financeiros é um consolo - mínimo que seja - ver algumas lideranças a mostrarem que entendem o que se está a passar. E que têm ideias de soluções.

domingo, 18 de abril de 2010

Stiglitz - O euro pode não sobreviver

El euro está herido y "puede que no sobreviva, corre el riesgo de desaparecer si no se genera una ola de solidaridad, si no se ponen en marcha soluciones institucionales", avisa Stiglitz. no El Pais.

Menos soberania orçamental, mais integração no euro

Uma das consequências desta crise da Grécia será o reforço da integração económica, sob a forma de transferência de mais poderes nacionais para a esfera da Zona Euro.

O próximo Orçamento do Estado português poderá ser já pré-avaliado pela União Europeia, no quadro do novo mecanismo de coordenação das políticas económicas que foi discutido na reunião dos ministros das Finanças na sexta-feira e que será formalmente proposto pela Comissão Europeia em Maio.

O nome: Semestre Europeu de Política Económica.
“Os Estados-membros”, de acordo com a proposta, “submeteriam as suas propostas concretas de Orçamento durante a Primavera de forma a serem analisadas e avaliadas pela Comissão e pelos ministro das Finanças”, afirmou Olli Rehn na sexta-feira citado pelas agências noticiosas. Este procedimento “poderia e deveria levar a recomendações para que os Estado-membros adoptassem medidas adicionais.

A notícia pode ser lida aqui.
Claro que os Estados-membros do euro estão a sublinhar que a decisão sobre as contas públicas se manterá uma soberania nacional. Claro, se não fizerem asneiras.

Pode ser que finalmente assim alguns países como Portugal consigam resolver o seu problema orçamental.
E que se consiga evitar o pior - o desmembramento do euro.

Este reforço da integração europeia - menos soberania nacional nas contas públicas - já estava a ser antecipado durante a semana que passou pelos analistas e economistas dos bancos.

E se for a Alemanha a abandonar o euro?

Germany might consider exiting Europe’s current monetary union to create a smaller bloc, diz a Morgan Stanley. Embora sublinhando que esse não é o seu cenário central, admite que existe esse risco, na Bloomberg.

Para nós, os endividados, qualquer cenário de saída do euro seria uma desgraça.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Proteger Portugal com conversa

As autoridades europeis parecem estar a tentar proteger Portugal dos mercados, com conversa.

Sucedem-se as declarações de apoio a Portugal:
Não estando nos sítios em que estas declarações têm sido feitas, não consigo perceber o contexto. Mas face às sucessivas notícias internacionais que apontam Portugal como o próximo país a ter problemas de financiamento - a seguir à Grécia -, as reacções e declarações só podem ser suscitadas por perguntas colocadas pelos jornalistas económicos e financeiros.

O que se pode ler hoje na imprensa internacional:

- Debt Worries Shift to Portugal, Spurred by Rising Bond Rates no New York Times hoje de novo com o pós-título: Next Target: Portugal e, atenção, é o terceiro texto mais visto neste momento no site do NYT

- The Next Global Problem: Portugal  de Peter Boone and Simon Johnson com link feito pelo popular blogue do FT o Alphaville que por sua vez foi retirado do Economix.  E onde se olha para os números do envidamento português, com os empréstimos já a serem usados para pagarem juros, e se diz que At some point financial markets will simply refuse to finance this Ponzi game.

A conjuntura não me parece nada agradável. A hora da verdade, após mais d euma década, pode estar a chegar.

O poder dos accionistas (na EDP)

Ficámos hoje a saber o pouco poder que os accionistas da EDP têm, mesmo que seja um que tenha 20% do capital.

O presidente da assembleia-geral da EDP Rui Pena a proposta da Parpública para limitar os salárioos dos gestores "não é admissível" como ponto de discussão no encontro de accionistas de hoje porque "só a Comissão de Vencimentos tem legitimidade" para fazer propostas de aletrações dos salários dos gestores, como se pode ler hoje no Negócios.

Rui Pena explica que "não está em causa qualquer restrição ao exercício direito de participação dos accionistas" porque poderão discutir essa questão quando for apresentada a proposta oportunamente pela Comissão de Vencimentos".

Na pureza dos modelos que inspiraram a sua criação na sequência de trabalhos realizados por economistas e juristas que se dedicaram ao estudo do governo de sociedades em que os donos não controlam a gestão, as comissões de vencimentos foram sugeridas como ferramentas para impedir os abusos de quem controla a gestão.

Se um accionista com 20% do capital - e vamos esquecer que estamos a falar do Estado - não consegue alterar as regras ou propor mudanças numa reunião de accionistas - porque está limitado por um monopólio concedido à comissão de vencimentos - alguma coisa está errada no desenho das regras.

Os salários dos gestores

A posição da Parpública sobre a recusa do presidente da Assembleia Geral da EDP de colocar a  questão dos salários dos gestores na agenda da reunião de accionistas:


A Parpública, Participações Sociais SGPS tomou conhecimento da
decisão do presidente da Assembleia-Geral da EDP em não admitir a
discussão na próxima assembleia-geral da empresa, a sua proposta no
que respeita a alterações em matéria de remuneração.

Consequentemente, e tendo em conta as orientações constantes dos
despachos do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, de Abril de
2009, e do Ministro de Estado e das Finanças, de Março de 2010, em
matéria de remunerações, a Parpública irá votar contra a proposta que
estará em discussão pelos accionistas, apresentada pela Comissão de
Vencimentos da EDP.

A Parpública Participações Sociais detém, directa e indirectamente, uma
participação de 20,04% do capital social da EDP.

Lisboa, 14 de Abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Portugal, a seguir à Grécia

No New York Times Debt Crisis Watch Turns to Portugal em destaque no Google.
O texto é uma descrição terrível da situação económica e financeira portuguesa.
Alguns exemplos:
  • Portugal e a Grécia são os países com a mais baixa taxa de poupança entre os países desenvolvidos.
That Greece and Portugal are among those in the worst trouble is well known, with both likely to be ensnared in a trap of stubbornly high debt, weak competitiveness and stagnant growth for years. Less remarked upon is that their savings rates — 6 percent of gross domestic product for Greece and 7.5 percent for Portugal — are the lowest by far among developed countries. By comparison Italy has a savings rate of 17.5 percent, Spain 20 percent and France and Germany at 19 percent and 23 percent, respectively.
  • Baixas reservas de capital, aumento do custo do financiamento e dificuldades em gerar receitas fiscais pelo efeito recessivo que as medidas de austeridade são "uma combinão tóxica"
For Athens and Lisbon, it is a toxic combination: low reserves of capital at a time that the cost of new debt is increasing, while their ability to generate tax revenue needed to pay for these obligations is shrinking because of tough austerity measures.
  • Os Estados Unidos e o Reino Unidos têm problemas semelhantes mas Portugal tal comoa  Grécia não podem desvalorizar a sua moeda
(...) unlike the United States and Britain, Greece and Portugal, as members of the euro zone, do not have the luxury of printing money to depreciate their currencies and thus export their way to recovery.  Portugal, perhaps even more than Greece, has suffered in this respect [impossibildiade de desvalorizar a moeda]. Portuguese exporters have been losing market share to competitors since entering the common currency in 2000. That, in turn, has pushed the government to borrow from abroad to finance the current account deficit, thus pushing debt to current levels.

  • Portugal, contrariamente à Grécia, Irlanda e Espanha, não benefeciaram do período de crescimento induzido pelas baixas taxas de juro.
More serious, Portugal, unlike Greece, Ireland and Spain, did not experience the positive effects of the long period of growth reflecting low interest rates and has not experienced any improvement of its G.D.P. per capita over the past 15 years.

Uma descrição aterradora da situação em que está Portugal e dos riscos que pode enfrentar.
A taxa de poupança passou a ser um dos indicadores de referência para quem está a analisar as economias em risco na Zona Euro.

Grécia avança para pedido de ajuda

O primeiro-ministro grego pediu uma reunião com o FMI e a Comissão Europeia para a próxima semana depois de a taxa d erendibilidade das obrigrações gregas terem atingido os 7,319%, acima dos valores verificados antes de a Zona Euro~explicitar as condições da ajuda a Atenas no fim da semana passado.

As notícias:
Bloomberg
Negocios.pt
Financial Times sobre o que se passou nos mercados.

Dia de avaliação do PEC em Bruxelas

"The Portuguese stability programme is ambitious and quite concrete for the years 2011-2013 but additional measures of fiscal consolidation might be needed, especially for this year, if risks to the macroeconomic and fiscal developments materialize. Fiscal consolidation is essential also in view of the necessary narrowing of the large external imbalances", assim sintetiza o comissário para os assuntos económicos e monetários Ollin Rehn.

A aqui fica a recomendação da Comissão para o conselho aprovar a sua opinião sobre o Programa português de Estabilidade e Crescimento o que deverá acontecer dia 22 de Abril. Entre as recomendações destaco esta:

"frame fiscal consolidation measures together with efforts to raise productivity and

potential GDP growth in a sustained way, to boost competitiveness and to narrow the
large external imbalances, which will also help improving the sustainability of public
finances."

As notícias do dia aqui

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ainda a Cimpor

Muito interessante esta avaliação sobre o caso Cimpor de Hugo Mendes Domingos do Kambaia.

O sector dos cimentos é em Portugal um duopólio, e como duopólio gostariam os accionistas das empresas que se mantivesse. Por isso conclui Hugo Mendes Domingos esta tão grande necessidade de agradar ao Governo.
A que se junta outra no caso da Cimpor - nenhum investidor estrangeiro em nenhum país quer desagradar ao Governo. (Houve umas excepções no passado - o conhecido caso Totta/Banesto/Mario Conde).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lições da Cimpor

Castro Guerra será o charmain da Cimpor

o que nos dá uma bela imagem do país e das empresdas cotadas:
  1. Os accionistas privados da Cimpor precisam do Estado, que é como quem diz, do Governo que lá estiver. (Serão bons consumidores de cimento já que a Cimpor é bastante rentável)
  2. Depois da guerra da escolha de nomes, os accionistas privados preferiaram Castro Guerra a Mário Lino.
  3. Poucas são as empresas cotadas em Portugal que não são influenciadas pelos governos da altura. Mercado accionista? Capitalismo?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Salários dos gestores...

...vale a pena ler o trabalho que o Negócios hoje publica sobre os salários dos gestores - o primeiro de outros trabalhos - como promete aqui Pedro Guerreiro.

O tema é controverso mas exige cuidado na avaliação dos números.

E a controvérsia não é de hoje. Em 2007 escrevi sobre o tema com o título "Executivos Ronaldos" e o ano passado nas páginas do Negócios tivémos um debate para responder à questão "Os prémios dos gestores devem ser cortados?"

E a controvérsia ultrapassa as fronteiras de Portugal - o que nada significa em si já que podia ser um tema apenas portugûês - como se pode ler nos contributos dados por um dos norte-americanos que mais tem escrito sobre este assunto relacionado com o governo das sociedades, Lucian Bebchuk.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Markets are always right"

Jean-Claude Trichet na conferência de imprensa de hoje: "Os mercados têm sempre razão". Para se recusar a responder à reacção que os mercados estavam a ter às suas declarações sobre a Grécia - as cotações das obrigações gregas subiram, invertendo a queda em que estavam

E como depois não conseguiu sair da ratoeira em que se colocou: se os mercados têm sempre razão, também têm razão em estar a "castigar" a Grécia?

Numa altura em que já poucos economistas defendem a teoria da racionalidade dos mercados financeiros, ver o presidente do BCE dizer que os mercados têm sempre razão...

A conferência de imprensa correu muito mal a Trichet na foto tirada daqui

Os grandes bancos devem ser "partidos"

Via Naked Capitalism chego a Banking industry insiders cal for breaking up giant banks.

Vale a pena ler os argumentos e o reconhecimento dos perigos que poderemos enfrentar com o gigantes financeiros. Hoje ainda podemos dizer que são "too big to fail" porque os Estados os poderão salvar... Amanhã mais perto do que longe já serão "too big to be aid".
Como se pode ler num dos comentários (o primeiro, que parece ser de origem portuguesa e se refere ao peso do Santander em Portugal) A Suíça debateu-se com esse problema, demasiado pequena para salvar os seus dois grandes bancos.

A lista dos apoiantes da "partição" dos bancos é impressionante.
Além de incluir banqueiros ali está Anna J. Schwartz que trabalhou com Milton Friedman e com ele é autora de "A monetary history of the United States" - onde pela primeira vez se diz que a recessão de 1929 poderia ter sido evitada se a Reserva Federal tivesse injectado dinheiro na economi evitado a queda brutal da massa monetária - e que serviu para evitar os erros nesta recessão.

Grécia, queremos ver o dinheiro na mesa...

Não chega colocar "a arma" em cima da mesa, queremos ver se há dinheiro. Assim parece ser o aviso dos investidores/especuladores/manipuladores do mercado de dívida pública que estão a aposta no incumprimento da Grécia.

Os CDS dos títulos gregos de dívida a um ano dispararam para 670 pontos base, alargando-se em 175 pontos num dia.
A curva de rendimento (yield curve, taxa de rendibilidade das obrigações para os diversos prazos) está invertida até aos dois anos - taxa desce até aos seis anos [ 7,8% a um ano a 7,40 a seis anos]  só depois sobe  - um sintoma  que aponta em geral para recessão quando se tem política monetária própria ou para pressão financeira, como é o caso.

Portugal está obviamente a ser contagiado, ainda que as taxas continuem ainda muito longe das gregas - exemplo: as obrigações com maturidades a  dois anos estão] com 1,779% - o 'spread' face à Alemanha está em máximos de dois meses e está a companhar a subida da Grécia.

Há saída de dinheiro dos bancos gregos que desde ontem começam a enfrentar problemas de liquidez.

No Alphaville fala-se num autêntico Jogo de Póker... Como no tango, são dois a jogar, de um lado a Grécia do outro quem se comprometeu a passar o chque se for preciso ajuda. Um grande exemplo de 'free riding'  - tudo o que se queria evitar com o Pacto.

O Jean-Claude Trichet vai falar daqui a pouco. Vamos ver o que diz que possa acalmar esta nova tempestade.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A Grécia outra vez...

A instabilidade regressou aos mercados outras vez por causa da Grécia. Sem que perceba bem quem disse o quê - as fontes são anónimas, como se pode ler aqui mas não parecem ter sido desmentiodas até agora - está construída a convicção de que o governo grego quer o FMI fora do plano de ajuda acordado na Cimeira da Primavera em Bruxelas por recear que o Fundo queira medidas ainda mais restritivas que as adoptadas.

Concerns About Greece’s Debt Again Unsettle Markets

Bolsa da Grécia afunda e prémio de risco da dívida dispara para recorde, a taxa de rendibilidade das obrigações gregas a dez anos ultrapassou os 10%.

Como entender o que se passa quando o vice-primeiro ministro grego disse na entrevista ao Negócios ontem publicada que a participação do FMI é "um detalhe" no acordo com de ajuda à Grécia.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Grécia e Alemanha, Sul e Norte

Vale mesmo a pena ler a entrevista hoje publicada no Negócios com o vice-primeiro ministro da Grécia, Theodoros Panglos que esteve em Portugal na altura da revolução  como assistente de Malo Antunes.

Partilho algumas das suas afirmações:

" Devo dar-vos um conselho, a vós portugueses: não sejam neutros neste assunto. Vocês são as próximas vítimas"

"Alguns países como a Alemanha fizeram uma abordagem moral do nosso problema, o que levou a julgamentos raciais do género: "Os gregos têm problemas. Porque têm problemas? Porque não trabalham o suficiente. E porquê? Porque têm um bom clima e música e bebida, e não são sérios como nós alemães. Nós é que somos sérios, trabalhamos o suficiente e não fazemos défices". É ridículo (...)"