terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Jacques Sapir, visões (mesmo) diferentes

A ler a entrevista de Jacques Sapir no Público.
Perspectivas verdadeiramente diferentes do que se passa e de como se pode resolver alguns problemas. Eis a síntese de alguns dos seus diagnósticos e soluções. Discutíveis mas que vale a pena pensar sobre elas sem lhes colocar um rótulo e atirar para trás das costas.

BANCA
"(...) bancos foram salvos pelos governos e pelos bancos centrais, mas não mudaram as suas políticas. Reduziram o crédito concedido e estão a investir o dinheiro dado pelo Estado e emprestado pelos bancos centrais em especulação."
[Veja-se agora o caso do Dubai e os valores ali investidos por bancos europeus. ]

"A única política capaz de resolver isto seria a introdução de um maior controlo do sector bancário pelo Estado. Seja através da nacionalização, seja através da nomeação de uma espécie de supervisor. É um sistema que foi usado nos EUA e também em França durante os anos 30. A propriedade continua privada, mas nomeia-se uma pessoa com poderes efectivos para guiarem a política dos bancos. (...) NOs EUA chama-se 'czar' e já existe hoje no sector automóvel".
[Não estou certa que esta seja a solução. Portugal tem a CGD e não é por isso que o acesso ao crédito de PME's viáveis é mais fácil]


COMÉRCIO LIVRE
" [O comércio é] livre mas não é justo. (...) A produtividade chinesa está entre 30 e 40 por cento da produtividade da Europa Ocidental, mas os salários são dez vezes mais baixos. E isto é um problema. (...) E também temos de proteger famílias europeias das norte-americanas. Como é que podemos ter comércio livre quando um país pode desvalorizar a sua divisa em 20 por cento. Isto é exactamente o que os EUA estão a fazer."
[Sapir propõe tarifas até que os salários de países como a China igualem a produtividade, ou, implicitamente, que anulem as vantagens que os EUA obtêm quando desvalorizam a sua moeda cada vez que estão em crise - pois não sei se não será uma boa ideia]

MERCADOS FINANCEIROS
"E é preciso regular o acesso a determinados mercados. Actualmente, temos muita especulação. No petróleo, vamos de um valor de 35 dólares até 187 dólares por barril, o que está relacionado com a entrada de especuladores financeiros nestes mercados. Os mercados de matérias-primas têm de ser limitados aos operadores que têm efectivamente interesse em comprar ou vender esses produtos."
[O divórcio que hoje se verifica entre fluxos financeiros e reais exige que se adoptem algumas medias para os interligar de novo combatendo assim o risco de bolhas especulativas mas também a ameaça que são à criação de valor nas empresas - esta é uma ideia]

1 comentário:

elsafer disse...

onde andaram os valores ? é pena que só com uma crise económica com consequências sociais graves se reflicta sobre a regulação dos mercados e o modelo económico que o suporta
a Europa ainda está a olhar para referências que já não as tem , está "velha" e sem perspectivas de manter os mesmos padrões que promoveu a sua integração