terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2008 - O ano do Cisne Negro

O ano em que o improvável aconteceu.
A crise nos mercados monetário e de capitais de 2007
transformou-se em crise bancária e de crédito em 2008
e antecipa a crise económica em 2009.
Reino Unido e Estados Unidos, os países mais liberais do mundo ocidental, fizeram a estreia na nacionalização bancos, ajudaram directamente empresas.
Os grandes gurus da finança estavam afinal a "nadar sem calções" como diz Warren Buffet
O pragmatismo assumiu o controlo da acção contra a violenta tempestade que caiu sobre o mundo.
E a visão do mundo económico mudou.


As escolhas do Visto da Economia do ano de 2008

NO MUNDO

A figura John Maynard Keynes


John Maynard Keynes visto por Duncan Grant em 1917

Keynes renasceu. Keynes foi em 2008 recortado e citado como nunca o tinha sido desde o início dos anos 70.
As suas receitas em que o Estado tem um papel fundamental soam como as mais ajustadas para recolocar em funcionamento a economia. A "mão invisível" de Adam Smith apenas parece funcionar nas ondas de prosperidade.
Nada disto significa a morte do capitalismo. Revela apenas - ou recorda - que o mercado tem falhas graves, que a "mão invisível" pode conduzir o mercado para estados de desequilíbrio e que, mais importante ainda, um enorme fosso entre a globalização dos mercados e a total ausência de globalização social, política e institucional que condicionam a actuação eficaz da "mão invisível"

O acontecimento A crise bancária

Bancos nacionalizados, bancos que desapareceram, bancos que faliram, o fim da banca de investimento, magos da finança transformados em demónios, o cidadão comum com medo de ver as suas parcas poupanças desaparecerem... de tudo um pouco se viu neste ano do improvável.


Em Portugal

A figura António Mexia

O presidente da EDP e afinal também da EDP Renováveis protagonizou mais um "Cisne Negro": No meio do caos financeiro conseguiu colocar em bolsa a EDP Renováveis com uma Oferta Inicial que foi um sucesso realizada nos poucos momentos de calma e algum entusiasmo - 19 a 30 de Maio - nos mercados bolsistas.

As acções foram vendidas a 8 euros e no primeiro dia em bolsa caíram para 7,65 euros. Nunca durante o ano voltaram a atingir os 8 euros. Nestes últimos dias do ano transaccionaram-se em torno dos 5 euros.

O acontecimento A nacionalização do BPN

Em Portugal dia 2 de Novembro aconteceu a primeira nacionalização desde 1975 - o BPN pertence agora ao Estado e está a ser gerido por uma equipa da Caixa Geral de Depósitos. O Governo recusou a proposta de Miguel Cadilhe de recuperação do banco de forma partilhada entre o Estado e os seus accionistas e a recuperação do banco pode custar cerca de mil milhões de euros.

O Governo teve ainda de intervir, através do Banco de Portugal, no Banco Privado Português, uma instituição de gestão de fortunas que viu o seu presidente João Rendeiro sair. João Rendeiro foi durante anos em Portugal uma referência no mundo financeiro. Seis bancos salvaram o BPP da falência: além dos cinco grandes, CGD, BCP, BES, BPI e Santander Totta, o grupo Caixa Agrícola.

1 comentário:

João Melo disse...

Helena, mesmo aqui morando no Brasil no interior da floresta amazônica, sempre que posso leio seu blog. Ele é ótimo. Pena que não seja brasileiro (risos). Parabéns pelo blog e pela postagem de hoje. Um feliz 2009 com muito sucesso em sua vida. Estou tentando retornar à civilização e passar uns dias em Lisboa em fevereiro. Abraço, João Melo, direto da selva