domingo, 5 de outubro de 2008

A banca está sólida?

Este meu post desencadeou algumas reacções criticas - Gaston fala em optimismo da vontade, anónimos acusam mensagens de manipulação rapidamente verificadas pelo cruzamento de informação.

Há uma reflexão que se poderia fazer sobre como devem actuar os media em situações de extrema instabilidade - como a que vivemos nestes tempos no mundo financeiro.
Numa reflexão rápida diria que o caminho é simples: recusar a manipulação, cingir-se aos factos, analisar com base em factos e declarações das autoridades, evitar fazer previsões e/ou, em suma, contribuir para o esclarecimento da situação respondendo a questões concretas. Foi o que o
Negócios fez lançando um fórum e respondendo a perguntas dos leitores, algumas das quais com respostas dos bancos às quais eram dirigidas. É simplesmente jornalismo, como sempre deve ser.

Quanto à situações europeia e portuguesa reafirmo que não existem razões para nos preocuparmos. O que significa:
  1. que podem obviamente existir alguns bancos em Portugal com problemas de acesso a liquidez - é óbvio que serão aqueles que não captam depósitos ou têm um número reduzido de balcões; Veja-se aqui o que diz o FMI sobre a banca portuguesa (ponto 28) e aqui uma síntese
  2. que os bancos em geral registarão perdas -algumas determinadas pelo facto de terem de contabilizar os seus activos por valores de mercado - e que poderão de precisar de reforçar capitais;
  3. que também na Europa, como se viu e se poderá ainda ver, haverá bancos com problemas.

Mas face ao que já se passou até agora nos países europeus, nenhum país vai deixar cair um banco. Como já me afirmaram, depois do que o Reino Unido fez com o Northern Rock - garantindo a totalidade dos depósitos dos clientes e salvando o banco -, nenhum governo tem margem política para deixar cair um banco no seu país. Obviamente que tudo isto será caro e pago pelos contribuintes.

Os países europeus vão resolver os problemas caso a caso o que lhes dá mais margem - era um erro tentar elaborar neste momento, com a casa a arder um plano centralizado, o «não» da Alemanha e do BCE a um Plano tipo Paulson é muito sensato. Veja-se a confusão que deu o plano Paulson nos Estados Unidos, até ser aprovado na sexta-feira. E como vai sair caro, com todas as cedências que foi ainda preciso fazer para garantir os votos necessários.

Por último: a crise financeira ainda não passou e segue-se a crise económica, neste momento já tornada inevitável. O próximo ano promete dificuldades, para Portugal e para a Europa. A economia portuguesa vai estagnar, é já a previsão do Fundo.

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