quarta-feira, 11 de junho de 2008

O acordo possível nos transportes

O Governo está a oferecer um conjunto de medidas para minorar o efeito da subida dos combustíveis nas empresas transportadoras, revela hoje o Jornal de Negócios.

Para o acordo se completar falta conseguir o desconto de 30% nas portagens - que o Governo quer que seja suportado pelas concessionárias de auto-estradas -; os incentivos ao abate e renovação da frota e a isenção de imposto sobre as ajudas de custo.

O que já está acordado é a indexação do frete ao preço do combustível sempre que este suba mais de 5%; redução do imposto de camionagem; pagamento dos clientes a 30 dias e entrega do IVA ao estado apenas quando os clientes pagarem.

O Governo recusa, e bem, subsidiar o gasóleo.

Embora não se entenda como é que algumas medidas serão concretizadas num mercado livre - quem vai, por exemplo, fiscalizar o pagamento dos clientes a 30 dias ou a indexação do preço do frete aos combustíveis -, este é um acordo com custos mínimos para os contribuintes e incentivos perversos de consumo de combustível também mínimo.

A solução ideal, aquela que qualquer livro de texto de economia recomenda, é nada fazer. Na realidade dura fica por resolver o problema: como acalmar os camionistas? É um caso de polícia, sim. Mas de difícil solução numa democracia. Veja-se a ausência de polícia que também vemos em Espanha.

4 comentários:

João Pinto e Castro disse...

Tudo isso são formas encapotadas de subsidiar o gasóleo, promovendo o transporte rodoviário em detrimento das alternativas. Em Espanha foram presos camionistas que violaram a lei.

Helena Garrido disse...

Caro João Pinto e Castro,
Tem toda a razão. Começaram as intervenções policiais em Espanha.
E tem toda a razão: estamos a assistir a ajudas indirectas. Não me parece é que seja viável, no curto prazo, promover alternativas ao transporte rodoviário. Mas seria bom que Portugal e o resto da Europa pensassem nos caminhos de ferro de outra forma.

JFR disse...

Não posso concordar com "Mas de difícil solução numa democracia". Esta para poder ser vivida e não, apenas, falada necessita que a Lei, a Ordem e a Justiça sejam respeitadas. Sem o medo que perpassa pelos poderes instituídos e que desiste dos seus deveres quando é confrontado por um conjunto de arruaceiros que não tem em conta o país mas os seus (e não dó) obscuros interesses.

João Pinto e Castro disse...

A curto prazo, promove-se as alternativas ao transporte rodoviário não subsidiando o preço do gasóleo. O longo prazo é uma sucessão de curtos prazos.