segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

As marcas de 2007

Nestas últimas horas de 2007 é tempo de olhar o tempo que passou. Eis as minhas escolhas:

Para Portugal

O gestor do ano:

Presidente da comissão executiva da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira (foto da Agência Financeira).
Depois de ter sido privatizada a 5,81 euros para os investidores em geral em finais de 2006, a Galp Energia mais que triplicou em pouco mais de um ano, encerrando 2007 em 18,39 euros.
Um reflexo de uma estratégia que optou por manter activos como as plataformas de prospecção de petróleo com os resultados positivos que foram anunciados este ano.
Marcou a primeira Cimeira entre a UE e o Brasil que decorreu em Lisboa a 4 de Julho com um acordo com a Petrobras na área dos biocombustíveis.E na Cimeira UE-África estabeleceu um acordo com a Líbia e com Moçambique.
Ferreira de Oliveira é um profundo conhecedor do sector da energia como se revela em todas as suas conversas. E na entrevista que me deu em Agosto.

Os acontecimentos do ano:

A assinatura do Tratado de Lisboa, com todas as criticas que se possa fazer, coseguiu-se ultrapassar o impasse do Tratado Constitucional. O novo ano dirá se com sucesso.

O conflito interno no BCP, um acontecimento completamente inesperado a revelar um BCP que desconhecíamos e a expor as fragilidades do nosso capitalismo.

No Mundo

O Gestor do Ano

O presidente da Apple Steve Jobs pelo lançamento do iPhone. Ainda sem presença em Portugal.

Depois do iPod, que salvou a Apple da falência, o iPhone lançou de novo a rival da Microsoft para a liderança.Os Mac continuam bem vivos como computadores de culto para quem vive no universo das artes e do design. Os primeiros aliás a descobrir que agora não queremos apenas computadores, queremos peças elegantes.

O acontecimento do ano

A crise de crédito no segmento hipotecário de alto risco - sub-prime - com efeitos ainda desconhecidos e que vão marcar inevitavelmente a vida económica de 2008.
Um acontecimento revelador das fragilidades de supervisão do sistema finaceiro e da intrincada rede que existe nesse universo.
Um exemplo da metáfora da teoria do caos, com o bater das asas de um borboleta a desencadear um tsunami com ondas que ainda não acabaram.
O mais chocante foi ver presidentes de bancos a reconhecerem que não conheciam as perdas que estavam a ter.
E ver como o UBS se recusou a financiar a Swiss Air mas aplicava recursos em supostos activos suportados por financiamentos a famílias norte-americanas com baixa classificação de crédito.
A seguir com atenção em 2008.

FELIZ ANO NOVO

Caso BCP - Banco de Porugal esclarece

O Banco de Portugal acabou de emitir um comunicado esclarecendo que nunca inibiu nenhum elemento da administração do BCP de se candidatar aos órgãos sociais, reagindo assim aos comentários que têm sido feitos sobre o assunto.

O problema é que o Banco de Portugal deixou instalar-se a convicção, desde 20 de Dezembro, de que tinha recomedado que nenhum administrador do BCP entre 1999 e 2007 se candidatasse a órgãos sociais do banco. No mesmo dia soube-se que Filipe Pinhal abandonava a sua candidatura.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Miguel Cadilhe na RTP critica banco central

Miguel Cadilhe esteve na RTP. Aqui e aqui a síntese do que disse.

A lista está entregue com estes elementos.

Luís Filipe Meneses começa finalmente a ter um tom racional no seu discurso.

Miguel Cadilhe avança para o BCP

O ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe entrega ainda hoje uma lista para os órgãos sociais do BCP.

Uma razão, entre outras, que levou ao aparecimento desta lista foi o facto de o Banco de Portugal ter recomendado - dia 21 de Dezembro com manchete no Expresso - que nenhum administrador de 1999 a 2007 integrasse órgãos sociais do BCP e nesta última sexta-feira ter dito que afinal não é assim, como se pode ler aqui, com a transcrição do prágrafo que se segue:

"(...)Reafirma-se também que, até à conclusão dos processos legalmente exigíveis, nenhum membro dos órgãos sociais do BCP está actualmente inibido de concorrer ou exercer funções no sistema bancário, apesar dos riscos que decorrem do eventual envolvimento nos factos sob investigação que se vier a apurar."

Formalmente não se pode dizer que o Banco de Portugal recomendou que ninguém que estivesse estado na administração do BCP podia integar listas, como se pode ver pelo comunicado desse dia 21 de Dezembro. Mas nunca o Banco de Portugal desmentiu essa ideia.

A lista de Santos Ferreira para o BCP

Vale a pena ver a lista do BCP a votar na assembleia geral de 15 de Janeiro que vai ser liderada por Carlos Santos Ferreira.

O esforço de equilíbrio é notável.

Miguel Cadilhe

Miguel Cadilhe obrigou o presidente da Assembleia Geral do BCP a explicitar que o prazo de entrega de listas para os órgãos sociais do BCP termina hoje, domingo, às vinte e quatro horas.

Dia 31 saberemos se existe mais alguma lista para o BCP a enfrentar a que é liderada por Carlos Santos Ferreira.

O ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe é um dos ex-administradores do BCP que não deve integrar órgãos sociais do BCP, segundo a recomendação do Banco de Portugal.

Muitos, como ele, outros mais novos, estarão bastante irritados com o envolvimento do seu nome numa história com contornos ainda pouco esclarecidos. Vamos ver o que fazem.

Para já apenas Miguel Cadilhe apareceu em público expondo no mínimo a sua insatisfação.

O que vimos foi, a poucos dias (quinze dias?) de terminar o prazo para apresentação de listas para a assembleia geral, cair Filipe Pinhal e todas as possibilidades de constituir um grupo com elementos da administração. E aparecer uma solução liderada pelo presidente de uma empresa mais pública que privada, a EDP, que parece ser a saída para todos os problemas do BCP.

Que pensar disto tudo?
Que faríamos nós se nos acontecesse o mesmo, se de repente nos víssemos impedidos de exercer cargos sem uma condenação?

Miguel Cadilhe merece mais uma vez um elogio pela sua coragem. Veremos se tem condições para ir muito mais além.

CGD com Faria de Oliveira

O novo presidente da Caixa Geral de Depósitos será Faria de Oliveira, até agora presidente executivo da CGD em Espanha.

No Ministério das Finanças, onde esteve de Junho de 1988 a Janeiro de 1990, foi responsável pelo lançamento das operações de privatização em Portugal, iniciadas exactamente com o Banco Totta e Açores e a Unicer.

O ministro das Finanças anunciou a escolha criticando o PSD, elogiando Faria de Oliveira e desmentido que a opção tenha sido determinada por critérios partidários.

Sim. De facto já não podemos dizer, formalmente, que os dois maiores bancos portugueses são dirigidos por pessoas da área de influência do partido do Governo.

Faria de Oliveira integrou os governos de Cavaco Silva e dificilmente pode ser criticado por esta liderança do PSD. Sociais Democratas que revelaram grande falta de sensatez nas criticas que teceram ao processo BCP. O que nos ficou na memória foi a preocupação em ter alguém do seu partido à frente da CGD. Presente que o Governo lhes ofereceu.

Aguardemos agora pela equipa de Faria de Oliveira.